Personalidade no design: ponto contra ou a favor?
por 23 de janeiro de 2013 10:40 872 views0
É politicamente correto dizer que o design deve atender às necessidades do cliente, traduzindo de forma fiel e eficaz tudo aquilo que sua empresa faz. No entanto, boa parte dos designers de grande sucesso – tanto comercial quanto pessoalmente – permitem entrever em cada um de seus trabalhos seu estilo, um modo de fazer as coisas, uma personalidade.
Dave McKean, David Carson, Guto Lacaz, Hillman Curtis, Elesbão e Haroldinho, Billy Bacon, Jimmy Leroy, Alexandre Wollner, Adrian Frutiger, Aloísio Magalhães e até mesmo… Hans Donner. É possível ler no trabalho de cada um deles características pessoais marcantes, estilos às vezes inconfundíveis e tendências que marcaram época, algumas ainda marcando.
Agora, saindo da perspectiva acadêmica e mesmo das diversas opiniões de diversos designers à respeito do assunto, o que pensam aqueles que pagam a conta? O que será que passa pela cabeça daquele cliente que assina o cheque? Será que ele busca alguém que possa traduzir o que ele pensa de sua própria empresa ou alguém cujo talento possa dar à sua empresa uma identidade? Ouvir a frase “estou te procurando porque gostei da sua linha de trabalho, seu estilo me agrada” é o sonho de qualquer designer no reino dos mortais, eu acredito. Pois é, e como é que fica a cabeça de quem sempre ouviu e leu que o design deve retratar a identidade do cliente fielmente, deve traduzir graficamente a função da empresa, deve representar seus ideais e etc e tal?
Se levada um pouco adiante (ou retroceder um pouco, mais provavelmente) esta questão pode cair na velha discussão design X arte…
Não é segredo para ninguém que existem diversos tipos de clientes e portando diversos tipos de pedidos, mas algo que intriga todo jovem designer é que caminho seguir: retratar fielmente o cliente, gerando um trabalho com bastante diversidade ou obedecer seu estilo, mesmo retratando o cliente?
A resposta, como sempre evasiva, leva à conclusão óbvia: depende da personalidade de quem cria.
Dave McKean, quando perguntado se usava PhotoShop, dizia: “Eu uso de tudo.” Sobre David Carson certa vez disseram que faz design só para surfistas, e como surfistas não lêem, ele faz o que faz. Humor negro, mas carregado de significado. Hans Donner é acusado de ser designer de efeitos de computador, mas é autor de grandes trabalhos e admirado por leigos e especialistas. Alexandre Wollner, da geração de ULM, seguidor de princípios Bauhausianos, entrevista longamente seus clientes, defende critérios e procedimentos para muitos burocráticos, e como os outros acima, é amado e odiado.
Cada um atua num segmento diferente do design, desde design gráfico, passando por design editorial, vídeo-design, identidade visual, tipografia, motion design e todos tem admiradores ferrenhos e críticos contudentes.
Quer saber? Não seria tão emocionante estudar, praticar e vivenciar o design se não fosse assim! Por isso, acreditar na própria personalidade é tão fundamental para fazer um bom trabalho. Alguns vão amar, outros vão odiar. Pobres mortais…
Rafael Rez Oliveira Arquiteto de Informação, é responsável pelo marketing da Interactis. Mantém o Blog: Ex Vertebrum.